terça-feira, 20 de agosto de 2013

Um espaço para os naturistas em Mangaratiba



No mês passado, escrevi sobre a importância de desenvolvermos o turismo no 5º Distrito (ler o artigo Um circuito turístico eco-rural para a Serra do Piloto). Agora, no entanto, resolvi lembrar-me também dos naturistas, considerando a importância de que esse grupo, cada vez mais expressivo no país, tenha uma praia oficial de alto nível dentro do nosso município. De preferência numa das ilhas.

A princípio, creio ser fundamental desmistificar o movimento naturista. Mal compreendidos até hoje, os naturistas são equivocadamente chamados de nudistas pelas pessoas que desconhecem o real propósito deles. Isso porque o naturismo não se restringe ao hábito de alguém andar sem roupas! Segundo a definição de 1974, adotada pela FBRN (Federação Brasileira de Naturismo), o “naturismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o auto respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente”. Ou seja, cuida-se de algo bem além do nudismo mas que também não deve ser confundido com o naturalismo e nem tem a ver com turismo sexual, prostituição ou atos de promiscuidade.

Por outro lado, analisando a ideia pelo lado econômico, não podemos nos esquecer que se trata de um promissor nicho de mercado. O perfil dos praticantes do naturismo corresponde a famílias de uma classe média culta com pessoas de diversos ramos profissionais: médicos, juízes, advogados, empresários, professores universitários e até oficiais militares. Além do mais, estamos falando de uma galera super respeitadora do meio ambiente que não fica sujando as praias e nem faz bagunça ou aquela barulheira. Embora nem todos os frequentadores sejam adeptos do movimento ecológico, suas vivências têm muita coisa a ver.

Pode-se dizer que, em países europeus, o naturismo já se tornou algo bem comum e popularizado fazendo parte dos destinos turísticos a reserva de uma área específica para as pessoas tomarem banho de sol nuas. Já no Brasil, temos algumas praias oficialmente reconhecidas em que uma das mais famosas seria a de Tambaba na Paraíba, a 17 km da capital João Pessoa. E, no estado do Rio de Janeiro, poderíamos mencionar a Praia Brava (Cabo Frio), a do Olho de Boi (Búzios), do Abricó (Grumari/Rio de Janeiro) além de uma bem discreta na região de Trindade/Paraty.

Uma praia oficial de naturismo segue regras características do próprio movimento. Costumam ser protegidas por normas jurídicas e administradas com o apoio de uma entidade naturista através de convênio firmado com a Prefeitura. Assim, as próprias associações deles se encarregam da limpeza, manutenção e proteção do local. Inclusive inibindo o assédio de gente mal intencionada.

Considerando não só a extensão do bonito litoral mangaratibense, bem como a existência de várias ilhas nas baías de Sepetiba e de Angra, penso que seria estratégico apara o desenvolvimento do turismo regional termos uma área de naturismo legalizado, bem organizada, segura e atrativa, sendo certo que o baixo quantitativo populacional daqui pode favorecer em muito a privacidade dos usuários. Junto com o reconhecimento da praia e sua promoção viriam  também novos investimentos como hotéis, pousadas, restaurantes e empreendimentos imobiliários. Só no Rio Grande do Sul, existe um clube/condomínio chamado Colina do Sol que é praticamente uma mini cidade, sendo certo que a nossa grande vantagem é que o inverno daqui é muito mais ameno se comparado ao frio intenso dos gaúchos nesta época do ano.

Torço para que a minha ideia venha a ser bem compreendida pelo leitor e pela população mangaratibense de um modo geral. Como já pude compartilhar em vezes anteriores neste blogue, meu objetivo é o de apresentar propostas sérias para o desenvolvimento do nosso município e um dos focos maiores tem sido o turismo, o qual considero uma indústria sem chaminés. Penso que Mangaratiba tem um imenso potencial a ser explorado e que existem reais condições de fazermos a cidade crescer sustentavelmente gerando mais empregos e oportunidades de negócios.


OBS: A foto acima foi extraída do site da Associação Naturista da Praia do Abricó em http://www.anabrico.com/

9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Apoiado. E o que você acha da sugestão que dei, em 2011, para transformar Mangaratiba em cidade turística?
    Siga o link abaixo:
    http://muriqui-lacerda.blogspot.com.br/2011/06/mangaratiba-cidade-flor.html

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    1. Obrigado pelos comentários, Lacerda!

      Sobre o que colocou em seu blogue, escrevendo acerca da floricultura, posso compartilhar ter já vivido em Nova Friburgo, município serrano onde já existe há tempos esta atividade econômica, principalmente na região de Vargem Alta, não muito distante de São Pedro da Serra e do Circuito Eco-Rural da Ponte Branca. Entretanto, nem tudo são flores (rsrsrs). Há uma utilização absurda de agrotóxicos nas plantações já que as rosas não são usadas para consumo alimentício. E os defensivos agrícolas contaminam águas e afetam o meio ambiente natural, impactando as áreas de proteção e outras unidades de conservação, as quais são bem comuns aqui no litoral sul fluminense (e região serrana também).

      Não tenho condições de opinar agora sobre o local que sugeriu no seu blogue, a Fazenda Ingaíba, mas penso que, se for feita uma produção orgânica de flores em propriedades na Serra do Piloto, seria uma alternativa excelente. Imagine flores certificadas e que seriam colocadas no mercado com um diferencial importantíssimo já que cada vez mais o público vai se tornando consciente destas questões. Enfim, concordo desde que seja uma produção 100% orgânica.

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  3. Penso que um bom local para uma praia naturista seria a Ilha Pombeba ou a Ponta Pombeba. Isto pq ela é relativamente isolada e não é habitada por população local. Ademais tem muita areia e algumas sombras. Os naturistas poderiam ajudar a remover o lixo, principalmente sacos plásticos, que ali infelizmente se acumulam, trazidos pelas correntes internas da Baía de Sepetiba.

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    1. Parece-me uma boa ideia, Gastão. Admito que preciso conhecer o local que mencionou. E, neste caso, precisamos ver se haveria alguma restrição de ordem legal-ambiental para se fazer algum empreendimento no local. Imagino algo que possa se tornar uma indústria turística, com pessoas visitando o município o ano inteiro, e não apenas alguns turistas que viriam em grupo vez ou outra. Quanto à limpeza, sei que os naturistas costumam ser bem conscientes. Nem todos são ambientalistas/ecologistas, pois muitos apenas apreciam um estilo de vida alternativo, mas ao que parece é praticamente unânime o respeito que têm pela preservação do lugar que utilizam. Valeu pela ideia!

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    2. Poderia sugerir tb outro local mais proximo e de mais facial acesso aos turistas : uma pequena praia na IIha Jardim, voltada para o continente em frente à Ilha do Batuque. Só haveria o custo de desapropriar um imovel novo ali construido, a menos que o proprietário tb concordasse em andar pelado .......

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    3. É uma outra ideia interessante, Gastão. Mas, se eu fosse o proprietário, não gostaria que o meu imóvel fosse desapropriado e procuraria tirar proveitos econômicos do naturismo neste caso. Isto porque o imóvel valorizaria porque, na certa, surgiriam interesses dos próprios naturistas.

      Tomara que nenhum outro município dos mares do sul não nos copiem, mas tenho o palpite de que, se Mangaratiba abraçar esta ideia e levá-la a sério, sem preconceitos, poderemos realmente atrair um turismo internacional para cá, o que beneficiaria muito Itacuruçá economicamente e ajudaria a ganharmos apoio na luta pela despoluição da baía de Sepetiba. Imagine! Teríamos a única ilha naturista do Brasil e quiçá do Atlântico Sul. Uma excelente opção de viagem para os europeus e norte-americanos nos tempos de inverno rigoroso no Hemisfério Norte e que, devido ao clima tropical, poderia ser um destino procurado até no inverno.

      Paralelamente, nada impede que Mangaratiba depois venha a oferecer várias opções naturistas de praias no continente e, desta forma, atrair melhor este segmento do turismo. E, sinceramente, nem me preocuparia tanto com uma reação de religiosos fundamentalistas. Temo, sim, pelo estado de nossa baía cuja balneabilidade pode ser considerada suspeita uma vez que o esgoto de Campo Grande, Santa Cruz, Itaguaí e de parte do nosso município tem sido despejado in natura nos rios, córregos, valões e praias. Quem já andou pela região da Pedra de Guaratiba sabe o que estou dizendo. Aliás, segue aí o link do artigo que escrevi em meu blogue pessoal sobre essa questão:

      http://doutorrodrigoluz.blogspot.com.br/2013/09/sos-baia-de-sepetiba.html

      Abraços.

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  4. Muito bem colocado o assunto Naturismo. ´Nós, adeptos já nos acostumamos a ser tratados pejorativamente. Quanto ao turismo promovido peleo movimento de naturistas, só pesquisar um pouco sobre o povoado de Massarandupió no município de Entre Rios, BA. Antes do naturismo ser implantado e aceito pelos moradores locais, estava só diminuindo, agora, já tem associação de bairro, aumentou o número de pousadas e restaurantes em 80% aproximados. A grande cidade de Camboriú, que apesar de já ter um número assíduo de turistas, conta com milhares de visitantes de todo o país e de países vizinhos como Argentina, Uruguai, Chile e agora até do Perú já estão recebendo devido a praia do Pinho que se fez conhecer internacionalmente. Agora, imagina se conseguir implantar uma praia naturista na região no estilo de Tambaba na Paraíba, que conta com Festival de Música, Campeonato de Surf contando pontos para o Estadual e no ano que vem já vão implantar um Festival de Forró, tudo com visão no turismo. Acho que os comerciantes locais estão perdendo um grande nicho comercial que rende impostos para a cidade e empregos para os seus munícipes!

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    1. Olá, amigo. Primeiramente muito obrigado por sua leitura e comentários.

      Realmente Mangaratiba está deixando de explorar um segmento do turismo que poderia projetar mundialmente o município, servindo de atrativo para fazer a sua fraca rede hoteleira se desenvolver e o exemplo que deu na Bahia era o que me faltava para melhor embasar a ideia.

      Hoje o quadro de Mangaratiba é muito preocupante pois estamos perdendo nossas praias do continente por causa da poluição ambiental (esgoto e atividades econômicas na Baia de Sepetiba). Restaram, porém, as ilhas e uns poucos recantos na direção de Angra dos Reis.

      Penso que, se o naturismo for empreendido em alguma ilha, tipo alguma praia em Jaguanum, pode dar certo. E, como Itacuruça seria um dos principais locais de passagem pra quem fosse tomar um barco, haveria proveito para a economia no continente com um fluxo maior de turistas.

      Atualmente, são poucas as praias no RJ que são voltadas ao naturismo, em relação as quais pode-se mencionar os municípios de Búzios, Cabo Frio, Rio de Janeiro e Paraty. Soube também que, na Ilha Grande (Angra dos Reis) estariam criando um novo recanto mas que parece não ser oficial como o de Paraty acho que também não é.

      Caso Mangaratiba passe a ter uma praia voltada para o naturismo, os três municípios da região da Costa Verde estarão disponibilizando um espaço para esse segmento turístico.

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