O verão está se aproximando e, junto com a estação quente, chegam também as chuvas intensas próprias dos meses de dezembro a março. Mangaratiba, assim como a maioria das cidades do estado do Rio de Janeiro, não está imune às enchentes e aos deslizamentos de terra. Pois, como vimos no comecinho de janeiro do corrente ano, houve várias quedas de barreiras no município provocando, inclusive, o desabamento de residências. É o que podemos relembrar lendo esta matéria publicada pela Agência Brasil de Notícias em 04/01/2013:
"(...) Estima-se que 15 mil pessoas foram afetadas. Segundo a prefeitura, 90 pessoas estão desalojadas e foram levadas para um abrigo montado na Escola Municipal Maria Augusto Lopez, onde recebem alimentos, água potável, kits para dormir e de higiene pessoal. O município é cortado pela BR-101 (Rio-Santos). Cinco casas desabaram parcialmente, sem vítimas. Devido o aumento do nível das águas, muitos moradores foram retirados de casa em barcos da Defesa Civil municipal, que também usou as embarcações para levar água potável às famílias que estão em áreas de difícil acesso, em consequência dos alagamentos. A cidade está em estado de alerta e a água já começa a baixar. De acordo com a prefeitura, o índice pluviométrico chegou a atingir, nos últimos dois dias, 240 milímetros (mm). Acima de 100 mm já é considerado um volume grande de chuva (...)"
Felizmente, a rua onde eu moro, aqui em Muriqui, pode ser considerada um logradouro seguro, mas o mesmo não se pode dizer dos bairros Cachoeira I e Cachoeira II, além de outras localidades situadas neste e nos demais distritos. Preocupa-me o fato de que muitas residências próximas às rodovias estejam construídas irregularmente em terrenos mais vulneráveis e que comprometem a segurança de seus moradores. Devido aos problemas habitacionais do nosso país, muitas famílias nem têm condições de sair imediatamente das áreas de risco e passam a correr perigo durante praticamente todo o verão.
Uma alternativa provisória seriam os moradores desses lugares aprenderem a conviver melhor com o risco. Através do monitoramento da Defesa Civil e da própria população residente é possível organizar planos de retirada das pessoas para abrigos municipais contando também com um sistema de alarmes e alertas. Sendo constatado o perigo, as sirenes soariam para a população deixar imediatamente suas casas juntamente com o envio de mensagens SMS para os celulares já cadastrados. Vejamos, pois, o que tem sido aplicado com sucesso nas comunidades do Borel e do Morro da Formiga, Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro:
"(...) A instalação do Sistema de Alerta e Alarme começou em janeiro, com a implantação de um conjunto de sirenes no Morro do Borel, na Tijuca, uma das comunidades com alto risco de deslizamento. O sistema é acionado caso a Defesa Civil e o Alerta-Rio identifiquem que as chuvas chegaram a níveis críticos nestes locais. Com o auxílio de agentes da Defesa Civil, de lideranças comunitárias e de moradores da própria comunidade que passaram por capacitação, a população das áreas de risco é encaminhada para os pontos seguros mapeados na região. O sistema foi testado com sucesso durante as fortes chuvas que atingiram a região da Tijuca, em abril deste ano, quando nove comunidades tiveram as sirenes acionadas. Morador do Morro da Formiga, Alan Pereira é um exemplo a ser seguido. Em uma forte chuva de abril deste ano, a sirene tocou e ele não confiou no alerta. Por pouco ele, sua esposa e seus dois filhos não foram atingidos por um deslizamento, que destruiu parte da casa deles (...)" - Notícia extraída do site da Prefeitura do Rio de Janeiro
Durante os 13 anos em que vivi na cidade de Nova Friburgo, fui testemunha de duas grandes enchentes, ambas ocorridas em janeiro. A pior delas se deu quatro anos depois da calamidade de 2007. As autoridades de lá, mesmo ignorando os avisos da natureza, continuaram permitindo a construção de novas casas em lugares impróprios. Desprezaram os riscos existentes na Região Serrana. Até que, na madrugada do dia 11 para 12/01/2011, houve uma tragédia sem comparações com centenas de mortos e milhares de desabrigados, virando manchete no mundo inteiro. Algo que registrei no meu blogue pessoal quatro dias depois da luz ter sido religada no apartamento onde morava lá (ler o artigo Um dia trágico na história de Nova Friburgo, de 15/01/2011).
Não desejo assistir algo semelhante aqui em Mangaratiba e, por isso, não podemos ficar cegos para essa realidade já que o efeito estufa, em decorrência do aumento das emissões CO² na atmosfera, tem provocado tempestades cada vez mais danosas no planeta. Além do mais, as chuvas fortes são eventos previsíveis sendo um dever dos municípios cuidarem de suas respectivas encostas bem como tomarem todas as medidas cabíveis afim de zelarem pela vida, pela integridade física e pelo patrimônio das pessoas. E como o programa Minha casa, minha vida do governo federal ainda não está beneficiando todas as famílias brasileiras, resta às prefeituras ensinarem aos moradores das áreas de risco a conviverem melhor com o problema sempre que for possível, jamais deixando essas comunidades carentes marginalizadas.
Em 31/01 deste ano, a Prefeitura de Mangaratiba havia realizado uma reunião no CRAS do Parque Bela Vista que teve como tema Como agir em caso de chuvas fortes. No entanto, entendo ser necessário muito mais do que isso. Antes das tempestades fortes chegarem, o governo municipal já poderia fazer um trabalho de conscientização em cada comunidade considerada de risco, em horários que permitam uma presença e uma participação maior dos moradores. E, paralelamente, seria instalada uma infra-estrutura em todos esses locais com os sistemas de alarmes e alertas dos quais mencionei acima.
OBS: A foto acima refere-se a um dos pontos críticos onde houve deslizamento de terra no mês de janeiro deste ano conforme consta no site da Prefeitura de Mangaratiba em http://www.mangaratiba.rj.gov.br/portal/noticias/pref-e-vice-visitam-areas.html
Olá Rodrigo
ResponderExcluirEscrevo esse comentário mas não para falar sobre essa matéria da postagem - muito oportuna por sinal, não moro em Mangaratiba mas já passei inúmeras vezes pela região
Mas o motivo de escrever-lhe é que gostaria de uma informação sobre uma postagem que você fez num de seus blogs, sobre caminhadas e trilhas.
Se você fizer a gentileza de me informar como posso entrar em contato e dizer com mais detalhes sobre o que desejo, eu agradeceria.
E deixarei meu email para contato: selmha@hotmail.com
Agradeço sua atenção e fico aguardando. Abraços
Obrigado pelo contato.
ExcluirEncaminhei uma mensagem para o email indicado.
No que eu puder ajudar...???
Abraços.