domingo, 18 de maio de 2014

Como compensar o efeito BRT sobre a frequência das nossas praias?



"Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará"
(Lulu Santos)

Desde que foi aberto o túnel José de Alencar ligando a região de Santa Cruz à da Barra da Tijuca, houve uma queda significativa na frequência das praias de Mangaratiba por parte dos moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Embora não foi possível verificar essa tendência em janeiro de 2013, porque choveu praticamente o mês todo, eis que, neste ano, recebemos menos turistas se comparado com verões de décadas anteriores. Mesmo com o calorão que abrasou 2014, notei que Muriqui só lotou pra valer foi no feriado do Ano Novo e nos finais de semana seguintes.

Um dos principais motivos dessa evasão de turistas seria o BRT Transoeste. Um trajeto que antes os cariocas demoravam para percorrer, precisando subir a serrinha que separa Guaratiba de Recreio dos Bandeirantes (quem já pegou aquele ônibus Itaguaí - Alvorada em tempos passados lembra-se como era demorada a viagem), agora o percurso é completado em poucos minutos. Basta o banhista desembarcar na estação de Guiomar de Novaes, ou em frente ao shopping, e seguir caminhando até à Praia do Pontal.

Porém, não é apenas o encurtamento das distâncias que está influenciado essa nova "onda no mar". Pois, além do passageiro depender de somente uma condução e não enfrentar engarrafamentos nos túneis da Rio-Santos, existem opções boas e baratas de alimentação por ali. Para quem curte as praias do Pontal e da Macumba, ambas no Recreio, é possível contar com o amplo comércio popular na comunidade do Terreirão, situada entre a Avenida das Américas e a orla marítima.

O fato é que a nossa região é cara e está perdendo em qualidade. As praias andam cada vez mais poluídas sendo que, conforme a análise do INEA de 06/05, o monitoramento ambiental identificou que alguns trechos de Muriqui e de Itacuruçá estão impróprios para banho da mesma maneira como a Praia do Saco, Coroa Grande e o Centro de Mangaratiba também já eram na totalidade.

Penso que, devido às limitações ambientais do município, não dá para desenvolvermos um turismo massificado, o que seria altamente impactante. Menos ainda podemos concorrer com o comércio do Rio de Janeiro onde o movimento anual de vendas permite aos empresários cariocas reduzir a margem de lucro por produto nos estabelecimentos cujos imóveis possuem preços mais acessíveis de locação. Logo, não dá para Mangaratiba deixar de ser um lugar caro.

Contudo, há que se distinguir preço de valor! Pois para um consumidor consciente o barato pode sair caro. Ou seja, devido a outras variáveis em jogo, como a qualidade do serviço prestado, o atendimento, o conforto e a segurança, talvez uma pessoa não se importe em pagar alguns reais a mais por algo que vale mais a pena para o seu conjunto de necessidades.

Acredito que a solução para o turismo em Mangaratiba seja mesmo por aí, motivo pelo qual continuo um permanente defensor do choque do ordem durante o ano inteiro. Não só para punir como também orientar de modo que a criação de um Procon municipal igualmente se faz necessário. E precisamos ter ainda postos de informação ao visitante em todos os distritos, mais eventos festivos e a regularização dos ambulantes locais afim de se evitar aquelas indesejadas invasões de vendedores piratas na alta temporada.

Certamente que todas essas iniciativas vão se esbarrar num problema fundamental que é a poluição das praias. Pois não podemos concordar que o esgoto continue sendo lançado sem tratamento nos córregos e rios vindo a poluir danosamente a nossa baía. E, em relação a isso, "não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo"! Tomar banho em água suja, ou deixar as crianças brincarem numa areia cheia de coliformes fecais, não oferece as mínimas condições para o turismo se desenvolver sustentavelmente. Logo, só sobreviveremos como cidade balneário caso haja serviços completos de saneamento básico. Tanto de abastecimento quanto de esgotamento.


OBS: Foto acima extraída de http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=4206040

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