sábado, 22 de fevereiro de 2020

É preciso construir uma terceira via para as eleições municipais de Mangaratiba!



Não faz muito tempo, deparei-me com uma enquete num grupo do sítio de relacionamentos Facebook perguntando ao internauta em quem ele votaria para prefeito, caso as eleições municipais de Mangaratiba fossem "hoje" (naquela ocasião). 

Confesso não ser fã de sondagens desse tipo devido à evidente falta de metodologia científica, uma vez ser impossível fazer uma segmentação dos participantes (por sexo, faixa etária, escolaridade, renda e região, a partir de dados oficiais) através de uma enquete virtual onde até pessoas de outros municípios e perfis falsos podem votar sem que haja qualquer controle. 

Todavia o que mais me revoltou foi que tal enquete não ofereceu mais opções de escolhas ao internauta, como se não houvesse outros pré-candidatos a prefeito para o pleito de outubro além do ex-alcaide Aarão de Moura Brito e do atual mandatário Alan Campos da Costa, o "Alan Bombeiro". Ou seja, ignoraram nomes que têm se apresentado no cenário político como os do coronel da PM Altanir Freitas, do servidor público concursado Rodrigo Ferraz, do ex-vereador André de Mello Costa, o André Banana, e do jovem Thiago Targino. Sem contar que uma eventual candidatura da primeira dama de Itaguaí, senhora Andreia Busatto, a Andreia do Charlinho, é muitas das vezes lembrada no nosso meio político.


Fato é que, logo após a decepcionante gestão do Alan Bombeiro ter se iniciado, adotando condutas, a princípio, nada condizentes com a expressão do seu passado como vereador de oposição na Câmara Municipal e as promessas feitas por ele na campanha eleitoral de 2018, praticamente rasgando o programa de governo apresentado à Justiça Eleitoral, fiquei a indagar se, em 2020, ainda haveria espaço para o discurso da mudança? O próprio slogan oficial adotado, referindo-se a um suposto "novo tempo", fez com que muitos enterrassem o sonho de construir uma Mangaratiba diferente.

Só que, ainda assim, preferi não matar em mim a esperança e cheguei a algumas conclusões.

A primeira delas é que o Alan Bombeiro jamais poderia representar uma mudança positiva para Mangaratiba, sendo que faltou senso crítico a muitos que o apoiaram. Inclusive a mim porque fui um dos mais de 16 mil eleitores que o elegeram e um dos quase 7 mil que nele votaram em 2016. Mas, infelizmente, não vimos (ou não quisemos ver) certos indícios que apontavam na direção contrária.

Ora, um desses indícios, embora carente de um segundo elemento comprovador, foi a delação feita por um dos onze vereadores daquela legislatura, quando o mesmo compareceu à Polícia Federal e confessou que todos os seus pares teriam participado de um esquema de corrupção dentro do Legislativo Municipal. Segundo a matéria noticiada pelo jornal O DIA, na edição de 09/07/2015, o presidente da Câmara na época seria o homem que levava as malas com dinheiro de um suposto mensalão, sendo que os parentes dos edis eram também empregados na Prefeitura:

"Um esquema de propina montado pelo ex-prefeito de Mangaratiba Evandro Bertino Jorge, o Evandro Capixaba, para garantir apoio na Câmara de Vereadores é investigado pelo Ministério Público (MP). O procedimento apura se na gestão dele, que começou o segundo mandato em 2012, os 11 parlamentares receberam R$ 10 mil em dinheiro, por mês, e mais R$ 10 mil em pagamentos a funcionários fantasmas lotados na prefeitura por indicação do grupo. Se comprovadas as denúncias, os vereadores podem ter ganho, em um ano, até R$ 2,2 milhões do mensalão. Eleito em 2012, o empresário e vereador José Maria de Pinho, 45 anos, do PSB, confessou em depoimento ao MP que ganhou R$ 80 mil em espécie e indicou o pai, a mulher, o irmão e mais três pessoas para constar na folha de pagamento do município, mas que nunca trabalharam." (destaquei)

Certo é que Alan veio a se tornar oposição ao prefeito eleito em 2012 só um tempinho depois de haver tomado posse. Pois é inegável que, nos primeiros meses do mandato de Evandro Capixaba, ele e os outros dez vereadores fizeram parte da base de governo. Na ocasião o então promotor Alexander Veras, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo de Angra dos Reis, chegou a afirmar que:

"Em 2012, as contas de Capixaba foram reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado por déficit de R$ 12 milhões. Mas aprovada na Câmara, por oito parlamentares, com superávit de R$ 3 milhões. Como o vereador que confessou ter recebido dinheiro era da oposição, os 11 são investigados por improbidade"

Pois bem. Como havia dito, tal suspeita seria carente de um segundo elemento já que a confissão de uma única pessoa, por si só, nunca é suficiente para comprovar algo tão grave que seria a participação de todos os vereadores da legislatura anterior num suposto esquema de corrupção. Só que, para fins eleitorais, cuida-se de algo que jamais deve ser ignorado pelo cidadão consciente porque se trata da escolha dos nossos futuros administradores e legisladores.

Apesar desse episódio ter caído no esquecimento da maioria, houve um fato, dessa vez comprovado, que envolvia a pessoa do senhor Alan Bombeiro nos gastos em viagens feitos pela Câmara, usando o suado dinheiro do contribuinte. Foram inúmeras diárias a vereadores e a servidores para participação em eventos e cursos realizados nos finais de semana, fora do Estado, em cidades nordestinas com reconhecida vocação turística como Salvador, Maceió, Fortaleza, Recife, Natal e Porto Seguro. Algo sem nenhuma relação com o interesse público, servindo para mascarar a real finalidade dos pagamentos que seria promover indevido acréscimo remuneratório aos agentes em detrimento aos cofres públicos, além de vantagem econômica a empresários beneficiados pelo esquema criminoso.

Embora a denúncia do Ministério Público houvesse alcançado apenas os três últimos presidentes da Casa Legislativa, o senhor Alan teve o seu nome citado no processo n.º 828.692-8/16 do TCE/RJ numa tabela informando quanto cada edil recebeu de diárias. E, no processo n.º 226.597-2/17, também do TCE, houve questionamentos quanto ao fato de ele haver continuado a viajar mesmo após perder o pleito de 2016, sabendo que já não seria mais vereador, como foi divulgado pelo blogue MANGA SEM MÁSCARA, numa postagem ocorrida cerca dois meses antes da eleição, em 06/09/2018 (clique AQUI para conferir).


Talvez muitos estejam perguntando por que estou relembrando esses fatos passados da política municipal? Mas o que pretendo demonstrar aqui é que Alan Bombeiro jamais representou uma candidatura que traduzisse verdadeira mudança para Mangaratiba. Pois ele, mesmo fazendo oposição ao Capixaba e depois ao Dr. Ruy, sempre foi "mais do mesmo" porque adotava práticas semelhantes aos seus pares na Câmara sendo que agora, após haver chegado ao poder, não deixou dúvidas de ser igual a todos os outros que governaram a cidade.

A pergunta que sempre faço a mim mesmo é se o eleitor enganou-se ou se permitiu enganar? Isto porque, neste caso, nós que "chamamos o Bombeiro" acabamos nos tornando vítimas de um auto-engano em que, por termos ficado carentes de liderança, agimos semelhantes ao cônjuge demasiadamente "manso" que é capaz de ignorar atos incontestáveis de infidelidade para continuar convivendo com o(a) companheiro(a).

Enfim, Mangaratiba não pode desistir de buscar uma verdadeira mudança capaz de renovar tanto o Executivo quanto o Legislativo. Pois o que tivemos no pleito suplementar de 2018 foi um lamentável "acidente na política", como o próprio prefeito se define nos seus vídeos e entrevistas. Logo, mais do que nunca é necessário que se construa uma terceira via na política da nossa cidade. Um candidato do bem que seja não somente competitivo, mas também tenha propostas, conduta íntegra e se mostre receptivo ao diálogo com todos, sendo que para tanto precisaremos nos despir do ego, dos interesses pessoais e de determinados ideologismos que só separam.

A mudança existe. Só não é o Bombeiro!

3 comentários:

  1. Tem muita gente que se decepcionou,tem muita gente se decepcionando, e tem muita gente que ainda vai se decepcionar! Porém tem muita gente que nunca irá se decepcionar porque já teria analisado os comportamentos que não mudam.

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  2. Fato é que o Alan passou para muitos a imagem de um "bom moço" e acabou se tornando uma equivocada opção de terceira via em 2016, inibindo o crescimento de outras candidaturas naquele pleito como as do Emil e da Cássia, ambos filhos de ex-prefeitos da cidade anteriores à era Charlinho. Dessa vez, precisamos ser mais conscientes nas nossas escolhas.

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