Na semana passada, enquanto eu voltava de Mangaratiba para Muriqui, a van passou brevemente pelo Sahy, deixando a RJ-014 e entrando na movimentada rodovia BR-101. Fiquei então observando as inúmeras árvores de pinus cultivadas ali na localidade de modo que comecei a indagar por que uma espécie exótica ao ecossistema de Mata Atlântica precisa compor uma importante paisagem da nossa região costeira?!
Em que pese o fato do plantio tanto de pinus como de eucaliptos servirem de alternativas ao desmatamento das nossas florestas nativas, não me parece que o lugar em questão seja adequado ao cultivo de tais espécies. Principalmente por causa do interesse turístico e visual que incide sobre a área considerando que as ruínas do Sahy fazem parte do patrimônio histórico de Mangaratiba. Uma riqueza que, aos poucos, está sendo destruída pela ação do tempo e descaracterizada pelos empreendimentos econômicos que decorrem da ambição desmedida do homem. Sobretudo no ramo imobiliário...
Nem todas as pessoas sabem, mas, no passado, o Sahy foi um triste local de venda de escravos. Não é de hoje que grupos ligados ao movimento negro e à arqueologia defendem a preservação da área, lutando incansavelmente pela demarcação de um parque. A ideia é fazer com que o Sahy abrigue um projeto de resgate da memória histórica sobre a diáspora africana no país e de combate ao preconceito racial. É o que podemos verificar acessando um blog que promove uma permanente campanha nesse sentido, sendo estas as críticas que constam na última postagem de 16/10/2013 atribuída a Bruno Linhares com o título E não se avança na demarcação do Parque:
"Espera-se o aumento da frequência da Praia do Sahy e com isto, os riscos para a integridade das ruínas do Sahy, que fazem parte da História do Município e da própria Diáspora Africana no Brasil. Não se nota qualquer avanço na demarcação e implementação de um projeto de criação do Parque, apesar do planejamento conjunto entre a Prefeitura de Mangaratiba e o IPHAN. Como poderemos no futuro contar um pouco desta História para as futuras gerações? É necessário que a sociedade se mobilize para salvá-la."
Concordo plenamente com essas denúncias feitas às quais acrescento também o plantio indevido de pinus no local que necessita ser urgentemente recuperado com a vegetação nativa em sua totalidade. Tanto dentro como no entorno do parque. Ou então através de um projeto de arborização com fruteiras tipo mangueiras, jabuticabeiras, jaqueiras, laranjeiras, goiabeiras, bananeiras e outras árvores que não vão agredir a nossa identidade regional. Nada de espécies exóticas ou que se destinem ao corte para atender à indústria madeireira. Afinal, o Sahy é nosso e também das futuras gerações.
OBS: A foto acima refere-se a uma área de reflorestamento com pinus nos Estados Unidos, conforme extraída da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Slash_pine.jpg
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