sexta-feira, 24 de maio de 2013

A agricultura orgânica e a merenda escolar




Eu tenho uma ideia sobre a merenda escolar das crianças que talvez possa ajudar a solucionar pelo menos duas necessidades. Trata-se de adquirir produtos orgânicos (ou pró-orgânicos) da agricultura familiar pela Prefeitura para atender escolas e unidades de saúde.

Além de suprir nutricionalmente melhor os alunos com alimentos mais saudáveis, penso que o mercado institucional permitiria ao homem do campo migrar com maior facilidade da agricultura convencional (aquela que utiliza agrotóxicos) para a produção orgânica de alimentos, conforme os padrões atualmente exigidos.

Hoje em dia, uma das maiores dificuldades de quem pretende produzir alimentos orgânicos é encontrar mercado. Os grandes compradores, por sua vez, exigem regularidade no abastecimento e preços competitivos, o que nem sempre é possível de atender quando se vive a dura realidade de um agricultor familiar. Logo, é muito comum o dono de um sítio não conseguir vender a sua produção alternativa. Ainda mais se lhe falta o certificado de produtor orgânico.

Virar um agricultor orgânico também não é tarefa nada fácil e nem acontece do dia para a noite. Existem inúmeros critérios exigidos para se obter a certificação, conforme cada empresa oficialmente reconhecida estabelece, além do que dispõe a Lei Federal n.º 10.831/2003. Por exemplo, por mais que o homem do campo deixe de usar inseticidas, herbicidas e adubos químicos, ainda poderá ser necessário aguardar alguns anos para que ocorra a limpeza do solo. E, durante esse período de transição, a Prefeitura asseguraria a compra da produção proporcionando sustentabilidade econômica para as famílias que sobrevivem do campo.

Inegavelmente, a concretização desse objetivo exigiria uma organizada iniciativa cooperativista junto com o desenvolvimento de projetos sérios de incentivo à produção orgânica no município. Há muitas propriedades vocacionadas para esse mercado na Serra do Piloto e que precisam com urgência integrar as suas atividades com a preservação do meio ambiente (temos ali o Parque Estadual do Cunhambebe). Ao invés de um proprietário criar bois, fazendo pasto no morro, por que não cultivar produtos agro-florestais? Afinal, estamos numa região de nascentes d'água e de grande biodiversidade, não é mesmo?

Agindo dessa maneira, a Prefeitura estaria ao mesmo tempo contribuindo para o meio ambiente, ajudando o homem do campo e proporcionando uma nutrição mais saudável para as nossas crianças. Seriam vários benefícios de uma vez só.


OBS: Imagem acima extraída de uma página do Ministério da Agricultura em http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/12/producao-organica-brasileira-ja-tem-15-mil-agricultores

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