quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A limpeza das praias



Vez ou outra, vejo em Muriqui um veículo executando o serviço de limpeza da areia da praia. É o que geralmente ocorre quando se aproximam os feriados e nas épocas de alta temporada. Segundo foi noticiado em 22/05 pelo portal da Prefeitura na internet, foi cogitada a ideia de compra do caminhão Tatuí:

"O secretário da pasta [Secretaria Municipal de Serviços Públicos], Marcos Antonio Santos, o Marquinho da Ilha, diz que o serviço de limpeza é um trabalho de rotina da secretaria e com a chegada do novo maquinário os resultados serão ainda melhores. “Sempre estamos realizando estes serviços, mas com a chegada do “Tatuí” ficará melhor ainda. Nas épocas de ressaca reforçamos a atenção, pois o mar trás muita sujeira. Tudo isso para oferecer ao morador e ao turista um ambiente limpo e bem cuidado para que possam aproveitar seu tempo de lazer com mais qualidade.”, conclui."

De fato, este tipo de cuidado se faz necessário. Mesmo se os frequentadores mantiverem as praias do Município limpas, deve-se considerar que, como destaquei na citação acima, o próprio oceano trás para a orla material orgânico. Entretanto, as coisas ficariam bem mais fáceis caso houvesse também um sistemático trabalho de conscientização e de fiscalização em cada balneário.

No início do ano, estive caminhando pela Ilha de Itacuruçá e encontrei placas de alerta sobre o descarte de lixo na Praia Grande de lá. Numa delas, os dizeres orientavam os turistas a trazerem de volta seus resíduos para o continente, o que, a meu ver, deveria servir para Mangaratiba inteira.

Penso que o Município todo deveria ser tratado como um paraíso ecológico! Inclusive os balneários mais frequentados a exemplo de Itacuruçá (continente), Muriqui, Praia Grande, Praia do Saco e Conceição de Jacareí. Pouco importa se o lugar encontra-se inserido ou não nos limites de uma unidade de conservação da natureza. Precisamos começar a ver Mangaratiba como um grande parque ambiental onde também moram pessoas. Até mesmo o espaço urbano pode ser concebido dentro dessa ótica.

Compartilho que, por esses dias, observei que estão faltando lixeiras no calçadão da praia de Muriqui. Parece que umas caíram ou foram arrancadas de modo que os banhistas precisam caminhar centenas de metros até acharem um local para depositar o lixo. Achei lamentável, mas tenho pra mim que esse tipo de coleta convencional, por si só (desacompanhada de uma ação conscientizadora mais impactante) pouco contribui para desestimular o descarte habitual de resíduos na areia. Creio que possamos pensar em algo mais educativo.

Minha sugestão é que o Poder Público inicie um projeto capaz de envolver banhistas, comerciantes, ambulantes, catadores, lideranças comunitárias, estudantes e militantes ambientalistas, formando a figura do agente ambiental que poderá ser voluntário ou não. Assim que o turista chegasse na praia, ele receberia uma sacolinha feita com material biodegradável para ir armazenando latinhas de bebidas, garrafas PET, embalagens de doces, cascas de frutas, guimbas de cigarros, etc. Somente quando deixasse o local ele faria o descarte em novos coletores. E veria placas em todo canto, inclusive nos quiosques, alertando sobre não deixar o lixo na areia.

Nada impede que, paralelamente, seja levado adiante um projeto de coleta seletiva com coletores confeccionados na cor correspondente de cada tipo de resíduo sólido, os quais seriam instalados em locais estratégicos da cidade e dos distritos e que poderíamos chamar de Ecopontos. Para tanto seria necessário adquirir uma sacolinha da mesma coloração que todo estabelecimento seria obrigado a oferecer a preços bem módicos por unidade, conforme o tipo de resíduo da embalagem do(s) produto(s) que comercializa. Tudo seguindo a padronização contida na Resolução n.º 275/2001 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Claro que para poder obrigar as empresas vamos ter que propor e aprovar uma lei municipal na Câmara dos Vereadores.

A hora para começarmos seria esta! É preciso iniciar um projeto de conscientização o quanto antes para que, quando chegar o verão, o banhista já esteja acostumado a armazenar o lixo em sacolas plásticas e, assim, formaríamos um ambiente de constrangimento quanto ao descarte de qualquer resíduo na areia. Quando recebesse sua sacolinha (mesmo para lixo comum) e tomasse conhecimento das mensagens de alerta, a pessoa se sentiria parte de um projeto de limpeza das praias e a sujeira na areia seria menor poupando os nossos garis. Através do envolvimento do cidadão e de um trabalho de parceria com o Poder Público podemos transformar a realidade local.


OBS: Foto constante no portal da Prefeitura Municipal de Mangaratiba em http://www.mangaratiba.rj.gov.br/portal/noticias/limpeza-das-praias.html

6 comentários:

  1. Olhar de dentro para fora.
    Boa noite meu amigo!
    Vejo e sinto a preocupação em suas palavras.
    Resolver o problema dos resíduos é tão fácil que não deixam fazer.
    Discutimos isso a 30 anos
    Boa vontade é muito importante, mas sem conhecimento profundo dos nós, amarramos ainda mais as cordas.
    Sem industria transformadora não existe reciclagem.
    Essa questão é um dos gargalos.
    Pergunte ao INEA quantas Licenças esse órgão que se diz o suprassumo ambiental VIABILIZOU na sua estoria "estoria mesmo" .
    Pergunte quantas industrias existem funcionando no Estado do RJ e quantas tem licença? É deprimente.
    O processo foi confeccionado para que as ações inteligentes e libertadoras não funcionem.
    Existe dinheiro para tudo
    Somos de 16 milhões de pessoas no estado e não se recicla em um 1m2 uma caneta.
    Com relação as cores dos sacos temos uma teoria própria e muito menos custosa.
    Se quiser nos convidar podemos discutir a teoria. E com relação ao biodegradável nem te falo, mas também estamos abertos a discutir.

    Reciclaaação Ambientalismo de Conscientização por uma reciclagem de VERDADE!!!! MENTES EM AÇÃO!!!!

    Um abraço .

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    1. Caro Júlio,

      Compreendo sua crítica e compartilho de boa parte do que colocou. Você escreveu: "Sem industria transformadora não existe reciclagem". Estou de acordo! Mas fico a indagar também:

      Como haverá material para a reciclagem sem antes haver uma coleta seletiva funcionando nas cidades?

      Contudo, ainda não estou tratando especificamente desse tema nesta postagem. Apenas acrescentei um comentário. Acho que, se o banhista que o usa as praias diminuir a quantidade de lixo descartado indevidamente na areia e no mar já será um grande passo evolutivo.

      Abraços e obrigado pelos comentários.

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  2. Compartilho da ideia de que a mudança só virá com solidez através de um longo e insistente trabalho de CONSCIENTIZAÇÃO.. pois só assim a mudança virá de baixo p/ cima, virá do povo para o povo, e não haverá espaço para políticos que ainda não compreenderam a importância de se preservar nosso meio ambiente.

    Agora mesmo, próximo dia 21 será realizado o Dia Mundial de Limpeza das Praias, Rios e Lagos - "Clean Up The World" , a nossa querida MANGARATIBA ficou de fora por falta de patrocínio... Por mim, pegamos nós mesmos uns rolos de sacos de lixo e fazemos esse dia acontecer em Mangaratiba, mesmo sem a ajuda de ninguém, pois acho que só assim que as coisas vão mudar por aqui...

    (http://www.institutoaqualung.com.br/Site/Conteudo/Praia.aspx)

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    1. Olá, André.

      Sem dúvida que não podemos ficar aguardando uma iniciativa governamental vindo de fora para dentro das comunidades ou de cima para baixo. Em algum lugar, alguém precisa começar. Pode o próprio cidadão e suas associações começar a agir. Seja recolhendo simbolicamente o lixo, conforme propôs para o dia 21, e/ou mesmo distribuindo as sacolinhas para os banhistas na praia junto com material de conscientização. E a colocação de novos coletores também. Basta uma comunidade aderir à ideia servindo de exemplo para Mangaratiba!


      Abraços.

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  3. Pois é Rodrigo, se tem uma coisa que deixa os Políticos incompetentes furiosos, é quando a sociedade civil faz o que eles deveriam fazer... daí eles se mexem rapidinho

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    1. É verdade, André! São situações que expõem a omissão governamental.

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