domingo, 23 de novembro de 2014

A vacinação anti-rábica humana em Mangaratiba




Na semana passada, pude constatar mais uma situação na saúde do nosso município que precisa ser revista. Trata-se da vacinação contra a raiva em seres humanos.

Dia 18 deste mês, ao tentar salvar dois filhotes de gato abandonados na linha do trem em Muriqui (os animais estavam perto daquela passagem quase em frente à rua Rio Grande do Sul), acabei sendo mordido por um deles. Embora os felinos não apresentassem nenhum sinal de estarem raivosos, achei por bem procurar os serviços de saúde pública para tomar logo a vacina.

No entanto, quando fui até à UBS de Muriqui, informaram-me que a primeira dose precisaria ser tomada no Hospital Municipal Victor de Souza Breves lá no Centro de Mangaratiba e não aqui no 4º Distrito, onde resido. Um dos motivos apresentados seria por causa da necessidade de se fazer uma certa notificação à Secretaria de Saúde. Liguei para lá no dia 19, confirmei se havia a vacina na unidade e consegui atendimento na emergência por volta das 22 horas. Por pouco não tive que voltar para casa de táxi devido aos nossos conhecidos problemas de mobilidade urbana.

Acontece que o tratamento requer a administração de cinco doses ao paciente, sendo que a segunda deve ser tomada três dias depois, a terceira em sete dias, a quarta em quatorze e a quinta em vinte e oito. Essa é a orientação prescrita pelas Normas Técnicas de Tratamento Profilático Anti-Rábico Humano adotadas pelo Ministério da Saúde:

"O esquema profilático da raiva humana deve ser garantido todos os dias, inclusive nos finais de semana e nos feriados. É de responsabilidade do serviço que atende o paciente realizar busca ativa imediata daqueles que não comparecerem nas datas agendadas, para a aplicação de cada dose da vacina. A interrupção de esquema, quando indicada pela unidade de saúde, não é caracterizada como abandono de profilaxia da raiva humana. No esquema recomendado (dias 0, 3, 7, 14 e 28), as cinco doses devem ser administradas no período de 28 dias a partir do início do esquema profilático."

Ocorreu que, na manhã do dia 22/11 (sábado), não consegui ser imediatamente atendido pela UBS de Muriqui devido à má informação da recepção, alegando que a farmácia do posto estaria fechada por não ser dia útil e que eu voltasse na segunda-feira (24). Só que não concordei e retornei ao HMVSB para dar continuidade ao tratamento segundo o esquema profilático. No hospital, a dose foi negada pela enfermagem e, apesar do encaminhamento do médico, determinaram que eu comparecesse outra vez ao posto para tomar a vacina lá. Então, devido à minha insistência em tentar solucionar o problema, um dos integrantes da equipe de plantão resolveu telefonar para a UBS confirmando haver uma dose da anti-rábica no local e que eu seria atendido no meu distrito apesar de ser fim de semana.

Finalmente, no começo da tarde de ontem, consegui que me aplicassem a injeção intramuscular da vacina em Muriqui. Porém, tudo o que passei deixou-me profundamente indignado, seja pela absurda divergência de informações nas nossas unidades de saúde e também pelo fato da primeira dose ter que ser dada apenas no HMVSB enquanto as posteriores são administradas na UBS correspondente à circunscrição territorial do paciente. Pois, a meu ver, independentemente da pessoa procurar o posto ou o hospital, o atendimento tem que ser feito de imediato no próprio lugar porque se trata de uma emergência, devendo qualquer funcionário estar capacitado para fazer os procedimentos de notificação. E os nossos gestores devem estar atentos aos limitadores problemas de mobilidade urbana que temos em razão da precariedade dos transportes públicos.

Assim sendo, fica aí a minha sugestão para que a Secretaria Municipal de Saúde não apenas melhore a qualidade do seu atendimento, informando aos seus agentes sobre o direito do paciente de tomar as doses da vacina anti-rábica em qualquer dia da semana, conforme as datas prescritas, como também permita que o tratamento possa ser iniciado imediatamente em qualquer UBS e não apenas no hospital. Afinal, como já dito cuida-se de uma questão de emergência de modo que a profilaxia contra a raiva precisa ser iniciada o mais precocemente possível, não devendo haver abandono do esquema profilático.


OBS: Ilustração acima extraída de http://www.saudedicas.com.br/wp-content/uploads/2010/02/imunoglobulina-anti-rabica-injetavel.jpg

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