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domingo, 24 de julho de 2016

As festas e o problema da mobilidade urbana




Por esses dias, está ocorrendo em Itacuruçá a tradicional Festa de Sant'Ana, em homenagem à padroeira do Distrito, o que foi enquadrado pela Prefeitura no Circuito do Forró, criado em 2015. Trata-se de um evento que sempre costuma contar com programações religiosas e sociais em que tanto turistas quanto moradores podem usufruir de uma área para a alimentação e o entretenimento, sendo comum a apresentação de shows musicais.

No entanto, fiquei sabendo na tarde hoje em Muriqui que algumas pessoas daqui do 4º Distrito, após terem ido curtir a festa em Itacuruçá, tiveram dificuldades para retornar porque os ônibus da viação Expresso pararam de circular após um determinado horário. Então, a fim de não terem que dormir no banco da praça, esses munícipes precisaram tomar um ônibus até à cidade vizinha de Itaguaí para de lá conseguirem voltar para casa.

Como sabemos, a falta de mobilidade urbana em Mangaratiba é um problema crônico da cidade e, infelizmente, isso prejudica muito o lazer da nossa população, além de atrasar o próprio desenvolvimento do turismo local. Pois de que adianta fazermos um São João Cultural se, na prática, somente quem tem carro e mora no local consegue aproveitar? Inclusive, até mesmo para quem possui um veículo próprio encontra dificuldades de estacionar em dias de maior movimento conforme o horário.

A meu ver, deveria a Administração Municipal agir com mais organização a fim de que houvesse proveito para todos os que moram em Mangaratiba durante o Circuito do Forró. E, nesse planejamento, é preciso levar em conta as dificuldades de quem reside nos demais distritos conseguir participar.

Recordo bem da vez em que fui a Porto Seguro (BA) no mês de julho de 1998. Lá, não muito diferente de Mangaratiba, várias festas ocorriam em locais distantes, o que exigia do turista um deslocamento pelo território municipal para acompanhar determinados eventos de seu interesse. Porém, no horário noturno, eram colocados ônibus gratuitos à disposição de todos na cidade, o que proporcionava uma mobilidade urbana que, por sua vez, repercutia positivamente na economia local.

Sinceramente, considero oportuno que, nos dias de festas, fossem fretados ônibus para transportar de graça as pessoas dos bairros mais povoados até o local do evento. Por exemplo, quando chegassem as comemorações de Sant'Ana, a partir das 21 horas, uma condução circular partiria de Conceição de Jacareí passando pela Praia do Saco, Centro de Mangaratiba, Sahy, Muriqui e depois, quando chegasse em Itacuruçá, faria o itinerário inverso até o final da madrugada. E isso ocorreria durante todos os dias da programação do Circuito do Forró bem como nas outras ocasiões festivas.

Assim, além das oportunidades de lazer que seriam proporcionadas à população, haveria em Mangaratiba mais incentivo ao turismo porque, independentemente de qual distrito litorâneo a pessoa ficasse hospedada, ela teria facilidades para curtir as principais festas de Mangaratiba, o que, certamente, faria com que a taxa de ocupação nas pousadas e hotéis aumentasse. Consequentemente, haveria mais trabalho e renda, além de maior satisfação por uma boa parte dos moradores interessados nas atividades culturais.

É a minha sugestão!


OBS: Créditos autorais da imagem ilustrativa acima atribuídos a De Jesus/O Estado em http://imirante.com/oestadoma/noticias/2015/06/20/suarios-de-onibus-temem-por-sua-seguranca-ao-usar-o-servico-a-noite.shtml

domingo, 26 de junho de 2016

Não podemos esquecer das festas caipiras!




No começo da tarde deste domingo (26/06), ao caminhar pelas ruas quase vazias de Muriqui, senti falta de algo que, nos meus saudosos tempos de infância, ocorria com maior frequência. Eram as festas juninas (ou festas caipiras) que, nesta época, bombavam em todo o país, tanto em escolas como nas comunidades, onde os próprios moradores, em colaboração com o Poder Público, tratavam de enfeitar os logradouros das cidades com bandeirinhas para tudo quanto era lado.

É certo que muita coisa mudou no Brasil do começo dos anos 80 para cá. A violência aumentou nas áreas urbanas, a religião católica já não é mais a predominante em muitos lugares (apesar de ser ainda a mais numerosa das igrejas cristãs), a taxa de natalidade caiu a ponto de nos tornarmos um país velho, passou a haver um rigor mais severo quanto à soltura de balões e, no momento, vivemos uma crise econômica de apertar todo mundo. Só que, mesmo assim, o nosso Município está perdendo uma ótima chance de atrair turistas agora no auge do inverno (ler o artigo Oportunidades com a baixa temporada, publicado em 14/02 do corrente ano aqui neste blogue).

Apesar dos investimentos da Prefeitura no "Circuito do Forro", previsto para acontecer em Muriqui, entre os dias 15 a 17 de julho (clique AQUI para conhecer o cronograma), é necessário que toda a comunidade se envolva com o evento, independentemente das divergências políticas. Aliás, todas as atividades relacionadas ao São João, sejam elas contempladas ou não com recursos oficiais, precisam constar no calendário turístico-cultural de Mangaratiba! Por exemplo, se um clube, uma associação de moradores, ou uma paróquia, resolve promover algo aberto ao público, caberia ao Poder Executivo Municipal divulgar por motivo de evidente interesse público no incentivo ao turismo.

Fora isso, a própria sociedade precisa ter um pouco mais de ânimo e se organizar melhor para as comemorações dessa época. Logo, poderia a Prefeitura enfeitar as praças e as entradas dos distritos, mantendo os ornamentos até o mês de agosto, enquanto os moradores cuidariam de suas respectivas ruas, como alguns ainda fazem na época natalícia. Pois, se pensarmos bem, o que custa alguém tirar uns trocadinhos do bolso e arrumar um tempinho extra para cortar as bandeirinhas chamando seus vizinhos para ajudar? Será que nos tornaremos pessoas incultas se ficarmos umas horinhas a menos conectados nas escravizantes redes sociais da internet?!

Outro detalhe importante a ser colocado é que hoje as festas juninas encontram-se bem secularizadas de modo que nem todos os eventos podem ser considerados como religiosos. Com isso, nada impede que uma igreja evangélica, por exemplo, tenha a sua festa caipira com barraquinhas, comidas típicas e programações para o público infantil, sem que precise haver uma veneração dos santos católicos (ler o artigo O que penso sobre as festas juninas, publicado por mim dia 02/07/2014 no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola). 

Finalmente, não acho que o envelhecimento da nossa população deva ser motivo para nos empobrecermos culturalmente a ponto da sociedade praticamente abandonar as festas caipiras. Conforme consta na foto acima, eis que, há quase dois anos atrás, o grupo de Convivência da Terceira Idade de Muriqui organizou o  "Arraiá do Zé Paçoca", com muita animação, dança, música e comidas típicas desta época, tendo como principal objetivo levar a comunidade para compartilhar um raro momento saudável de descontração. Ou seja, foram nossos "velhinhos" que deram o exemplo.

Assim, deixo aqui a minha sugestão para que possamos aquecer as tardes e noites deste inverno de 2016, mantendo viva uma tradição cultural que nos foi legada há séculos pelos portugueses. Algo que precisamos nos esforçar um pouquinho para preservarmos, deixando registrado na memória de nossos filhos, netos e bisnetos o que, no passado, vivemos com bastante sabor.


OBS: Foto acima extraída de uma notícia publicada no site da Prefeitura Municipal de Mangaratiba sobre o evento organizado pelo grupo de Convivência da Terceira Idade no dia 26/07/2014, conforme consta em http://www.mangaratiba.rj.gov.br/portal/destaques/festa-caipira-em-muriqui.html