terça-feira, 28 de outubro de 2014

É preciso promover ainda mais a imagem do boto-cinza!




Desde o ano de 2012, como muitos devem saber, o boto-cinza, nome científico Sotalia guianensis, passou a ser considerado patrimônio natural do nosso município (Lei nº. 832, de 26/10/12), de modo que o animal tornou-se alvo de várias propostas tanto do Poder Público como da sociedade civil. Iniciativas como o turismo de observação e a criação de uma unidade de conservação ambiental de uso sustentável têm sido executadas aqui em Mangaratiba com grandes expectativas de sucesso para todos.

Quanto ao turismo de observação, cuida-se de passeios guiados e agendados que partem duas vezes ao dia do cais de Itacuruçá. Na data da saída, os participantes precisam comparecer, no horário marcado, à sede do Instituto Boto Cinza (IBC) para receber informações sobre os procedimentos e regras da atividade. Somente após esta etapa é que os interessados podem então se dirigir ao Centro de Informações Turísticas do Distrito onde é adquirido o ingresso para então embarcarem. O tempo para a observação dos botos dura no máximo 20 minutos, conforme estabelecido por Lei, e apenas duas embarcações podem se aproximar do grupo de animais observados por cada vez.

Sobre a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha Boto Cinza, eis que, na manhã do dia 23/10, ocorreu uma importante consulta pública no Centro Cultural Cary Cavalcanti. Foi um evento promovido pela Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca da Prefeitura de Mangaratiba afim de que a sociedade pudesse conhecer e se manifestar acerca da proposta. Estiveram na reunião representantes de diversos órgãos governamentais, militantes do IBC, pescadores artesanais bem como pessoas da comunidade. E, conforme foi exposto, a futura unidade de conservação vai ter uma sede e deverá abranger praticamente todo o espaço da Baía de Sepetiba situada dentro do nosso município.

Acredito que, se a Câmara Municipal aprovar a lei de criação dessa APA marinha, teremos uma grande oportunidade de desenvolver um trabalho de qualidade em Mangaratiba, ainda que as visitações diárias fiquem restritas a apenas dois passeios diários. Pois para o ponto de vista do turismo ecológico, a divulgação do boto juntamente com a unidade de observação servirá de referencial para atrair pessoas do país inteiro e também do exterior para conhecer a nossa região.

Sendo assim, penso que espalhar cartazes pelo território do Município ainda seria pouco porque o que Mangaratiba precisa mesmo é fazer do boto a sua principal logomarca através da qual ficaremos mundialmente conhecidos. Decorar cabines dos telefones públicos com uma escultura do animal, construir monumentos em praças e nos calçadões das praias, adaptar as lixeiras na orla para que lembrem o cetáceo, além de investimentos em publicidade nas entradas dos distritos ao longo da rodovia Rio-Santos, seriam importantes estratégias de marketing para recebermos mais visitantes na cidade.

Por outro lado, os empresários e a sociedade devem colaborar afim de que a imagem do boto fique popularizada. Ou seja, o comércio local (e não apenas a loja do IBC) pode passar a vender em grande escala camisetas, chaveiros, bonés, golfinhos de pelúcia e brinquedos em geral pois são objetos que, no fim das contas, acabam virando meios de divulgação de Mangaratiba. Também a decoração dos quiosques passaria a seguir um novo padrão estabelecido pela Prefeitura capaz de promover o animal já que seus proprietários são uma espécie de permissionários do Município devendo se sujeitar às normas locais (leis e decretos municipais).

Pensando desta maneira, Mangaratiba estará dando um grande passo para desenvolver-se turisticamente porque passaremos a atrair uma nova clientela mais interessada na contemplação da natureza enquanto que, simultaneamente, iremos preparar o ambiente para um choque de ordem ecológico capaz de educar os nossos visitantes. E aí, como consequência de todas essas ações, haveria uma aumento da arrecadação, mais oportunidades de negócios, geração de emprego e renda, a formação de uma opinião favorável ao investimento de verbas públicas em projetos conservacionistas das espécies marinhas da APA, dentre inúmeros outros benefícios diretos/indiretos pra cidade.

Nossa Baía de Sepetiba é uma das maiores do Brasil, com 536 quilômetros quadrados. A população de botos estimada em suas águas fica entre 739 e 2.196 animais, os quais utilizam a região para se alimentar, reproduzir, socializar, descansar e se deslocar. Por isso mais do que nunca precisamos estudar maneiras adequadas para desenvolver a região e que, ao mesmo tempo, financiem a proteção das espécies hoje ameaçadas nesse sensível ecossistema marinho. Logo, será pela promoção da imagem do cetáceo que poderemos obter as esperadas melhorias tanto na área ecológica quanto na economia local, conciliando o turismo com o meio ambiente.


OBS: Imagem acima extraída de uma notícia da Agência Brasil com créditos autorais atribuídos a Wilson Dias, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-10/mpf-cobra-fiscalizacao-para-evitar-mortes-de-botos-na-baia-de-sepetiba-no-rio

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Que tal se tivéssemos aqui a Trilha Transmangaratibense?




Frequentemente tenho me deparado com notícias na mídia falando sobre a Trilha Transcarioca que atravessa a cidade do Rio de Janeiro de oeste a leste levando o ecoturista a cenários incríveis. Seu início fica na Barra de Guaratiba e termina no Pão de Açúcar, compreendendo uma extensão atual de cerca de 100 quilômetros já manejados e sinalizados.

Pensando a respeito disso, tenho amadurecido em minha mente a ideia de se projetar em Mangaratiba uma trilha que permita o turista caminhar de Itacuruçá até Conceição de Jacareí e ainda conhecer alternativamente a Serra do Piloto. Falo de uma estrutura que em que as pessoas possam visitar as praias, cachoeiras e diversas outras atrações naturais existentes no nosso município.

Embora pareça uma ideia recente para nós, eis que o conceito sobre as trilhas de longo curso existe há cerca de um século tendo sido já amplamente testado com sucesso em vários lugares do mundo. Em alguns países, como nos Estados Unidos e República Dominica, tais vias são consideradas corredores ecológicos integrando os sistemas de unidades de conservação da natureza.

Através de um trabalho em conjunto entre a Prefeitura e o INEA, acredito ser possível realizar esse projeto em nossa região, o que seria importantíssimo tanto para ajudar na conservação do Parque Estadual do Cunhambebe pela presença de visitantes conscientes como também desenvolver sustentavelmente o ecoturismo. Isto porque, na proximidade dos diversos acessos da trilha, a Secretaria de Turismo pode inventariar e cadastrar hotéis, albergues, pousadas, restaurantes, sítios de lazer, etc.

Atualmente, a Trilha Transcarioca tem mais de 100 km prontos e totalmente sinalizados. Quando estiver completamente pronta cruzará o Rio de Janeiro por um percurso de aproximadamente 170 km, saindo da Barra de Guaratiba até o Morro da Urca, aos pés do Pão de Açúcar, havendo propostas de se incluir futuramente a Restinga de Marambaia. Neste caso, serão 250 km de extensão e aí, se tivermos desenvolvendo um bom trabalho no município, as pessoas que fizerem um percurso inverso (vindo da Urca para a Marambaia), poderão dar continuidade ao passeio quando atravessarem de barco até Itacuruçá e prosseguirem até Conceição de Jacareí onde há uma fartura de transportes para a Ilha Grande.

Como já escrevi em outras postagens publicadas neste blogue, o turismo pode ser considerado uma indústria sem chaminés e, se for desenvolvido com sustentabilidade, pode até ajudar na conservação do meio ambiente. No caso das trilhas, embora devemos ter sempre atenção com as vias de acesso que são abertas para caçadores, palmiteiros e bandidos que se escondem nas matas, há que se considerar também que a presença humana pode ajudar no monitoramento das áreas protegidas formando grupos de apoio de voluntários. Ou seja, a própria atividade de recreação, quando bem direcionada, acaba ajudando na ampliação e manutenção de um proveitoso corredor ecológico na Serra do Mar.

E então? Que tal Mangaratiba começar a trabalhar nisso para 2020?


OBS: Ilustração acima extraída de um mapa mostrando o trajeto da Trilha Transcarioca, conforme consta em http://mosaico-carioca.blogspot.com.br/p/trilha-transcarioca.html