quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A importância das feiras livres para o turismo



Lendo uma matéria pela manhã de ontem no site do Yahoo! sobre as feiras livres, senti-me inspirado a escrever algo que servisse para o nosso município, sempre de olho na economia e no turismo. A reportagem Descubra por que as feiras de rua são a cara do Brasil, de Marlene Bastos, começa falando sobre a origem desse antigo comércio na Europa, durante a época da Idade Média, menciona a sua popularização em todo o nosso país e faz uma importante análise do comportamento do consumidor, conforme transcrevo a seguir:

"Quem resiste a barracas de pastel, doces, salgados, sucos e pratos típicos? Junte a isso artigos de vestuário, decoração, peças de artesanato, antiguidades e produtos místicos. Agora imagine isso tudo em um único lugar! Essa diversidade de coisas só pode ser encontrada nas feiras de rua (...) infelizmente, nas grandes cidades, uma parte dos brasileiros trocou as feiras de rua pelos grandes supermercados ou shoppings, principalmente pela praticidade que a vida moderna requer. Mas apesar de o supermercado te dar a vantagem de você poder ir a qualquer dia e hora e poder comprar uma variedade de produtos industrializados, ele é um ambiente fechado, sem janelas, sem ar livre, sem aquele contato com o vendedor - que na feira é o produtor ou criador do produto -, sem interação entre as pessoas, e o que é pior, com preços fixos e sem chances de negociaçãoO hábito de ir à feira nos proporciona o exercício da cidadania, nas conversas, nas trocas de experiências e cultura, na negociação de preços e na compra de produtos que favorecem a economia local e prestigiam o pequeno produtor, seja de frutas e verduras ou de artesanato (...)" - destaquei

Uma vez por mês costumo acompanhar minha esposa em suas consultas médicas no Centro de Mangaratiba, as quais ocorrem sempre às sextas-feiras. Na volta, quando caminhamos para o ponto das vans, afim de retornarmos para Muriqui, é irresistível não comer algum docinho na feira que ocorre ali na Praça Robert Simões. Seja para saborear uma cocada, uma banana-passa da Serra do Piloto ou mesmo levar algum outro produto da roça. Como geralmente estou sem pressa, não dispenso a oportunidade de sentar por uns minutos num daqueles românticos banquinhos com minha mulher e relaxar debaixo da sombra das árvores.

Refletindo sobre o turista que vem dos grandes centros urbanos para passear em Mangaratiba, parece-me que a oportunidade de convivência saudável seria uma das coisas que as pessoas mais buscam nos dias de hoje. Além do refrescante banho de mar, nosso município dispõe de um tranquilo ambiente para as famílias passarem uma tarde nos fins de semana. Não só na área central da cidade como em todos os distritos existem espaços propícios para isto nas praças.

A meu ver, o Poder Público não pode ficar de costas para essas atividades. Tão pouco devem os comerciantes pensar que estão perdendo vendas com a realização das feiras livres, tendo em vista que um negócio acaba ajudando o outro. Minha sugestão é que a Prefeitura organize um calendário anual de eventos com festas todos os meses, busque capacitar os ambulantes e promova a divulgação. Deve também oferecer todas as condições para que o trabalhadores deixem a informalidade e façam algo bem organizado com o devido profissionalismo.

Acredito que um dos grandes benefícios das feiras esteja na distribuição de renda, o que ajuda a manter aquecida a economia local. Por tal motivo, considero importante que os próprios munícipes tenham mais interesse em participar, requerendo o devido licenciamento de ambulante na Secretara Municipal de Fazenda. Isto permitiria a fiscalização agir contra vendedores oportunistas e estabelecer um padrão melhor de qualidade.

Por mais que as feiras de rua tenham uma origem antiga, elas também evoluem e devem acompanhar as atuais exigências do mercado e a legislação, inclusive as normas sanitárias e de defesa do consumidor. Assim, mais do que nunca torna-se fundamental que a Prefeitura atue como a principal orientadora, oferecendo cursos e consultorias com o devido direcionamento.


OBS: Foto extraída do blogue da Fundação Mário Peixoto.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A pesca no nosso município



Umas das mais antigas vocações do nosso município é a pesca. Já em 1943, uma parte da Ilha da Marambaia foi cedida para a instalação da Escola de Pesca Darcy Vargas, a qual atraiu muitos trabalhadores para lá em busca de empregos e oportunidades durante as décadas em que funcionou até os anos 70.

Em 2009, o governo federal chegou a agendar uma visita técnica para avaliar a possibilidade de reativação da escola de pesca. Confesso não saber que fim levou aquela iniciativa, mas reconheço que seria uma boa oportunidade para darmos mais profissionalismo à atividade pesqueira. Sem dúvida, trata-se de algo com o qual o ministro Sr. Marcelo Crivella, senador eleito pelo nosso estado, poderia se comprometer mais. Só que nem sempre vamos ficar aguardando os governantes e políticos tomarem a iniciativa. O cidadão organizado pode realizar algo!

Como se sabe, ainda hoje a pesca tem um grande potencial a ser trabalhado no município e pode desenvolver-se integrada com o turismo. No atual momento em que empresas como a MMX precisam investir aqui suas contrapartidas pelos empreendimentos econômicos feitos na região capazes de impactar o meio ambiente, temos uma oportunidade única a ser aproveitada. Basta a sociedade mangaratibense trabalhar com união, cooperativismo e visão empresarial.

Lembrando que muitos pescadores já têm suas respectivas associações, penso nos infinitos projetos para atrair turistas para a nossa região e aumentarmos o consumo de pescados. Falo, por exemplo, na realização de festas que possam envolver também os restaurantes, bares, quiosques e ainda organizar feiras livres. Numa época de inverno, em que a frequência da praia diminui bastante, podemos criar situações compensatórias e que tornem Mangaratiba uma cidade atrativa o ano inteiro. Anualmente, o governo federal tem promovido a Semana do Peixe, prevista para ocorrer no mês que vem em todo o país. Contudo, são ações locais que fazem diferença e as maiores contribuições da Prefeitura seriam a organização dos espaços a serem utilizados e o marketing na divulgação.

Segundo a OMS, as pessoas deveriam consumir pelo menos 12 quilos de pescado por ano. Porém, o consumo do brasileiro é em torno de 9 quilos, segundo informações do Ministério da Pesca. E, sendo assim, eis aí um grande motivo para incentivarmos eventos desse tipo no nosso município.


OBS: Imagem extraída do site do Ministério da Pesca e Aquicultura.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Um espaço para os naturistas em Mangaratiba



No mês passado, escrevi sobre a importância de desenvolvermos o turismo no 5º Distrito (ler o artigo Um circuito turístico eco-rural para a Serra do Piloto). Agora, no entanto, resolvi lembrar-me também dos naturistas, considerando a importância de que esse grupo, cada vez mais expressivo no país, tenha uma praia oficial de alto nível dentro do nosso município. De preferência numa das ilhas.

A princípio, creio ser fundamental desmistificar o movimento naturista. Mal compreendidos até hoje, os naturistas são equivocadamente chamados de nudistas pelas pessoas que desconhecem o real propósito deles. Isso porque o naturismo não se restringe ao hábito de alguém andar sem roupas! Segundo a definição de 1974, adotada pela FBRN (Federação Brasileira de Naturismo), o “naturismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o auto respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente”. Ou seja, cuida-se de algo bem além do nudismo mas que também não deve ser confundido com o naturalismo e nem tem a ver com turismo sexual, prostituição ou atos de promiscuidade.

Por outro lado, analisando a ideia pelo lado econômico, não podemos nos esquecer que se trata de um promissor nicho de mercado. O perfil dos praticantes do naturismo corresponde a famílias de uma classe média culta com pessoas de diversos ramos profissionais: médicos, juízes, advogados, empresários, professores universitários e até oficiais militares. Além do mais, estamos falando de uma galera super respeitadora do meio ambiente que não fica sujando as praias e nem faz bagunça ou aquela barulheira. Embora nem todos os frequentadores sejam adeptos do movimento ecológico, suas vivências têm muita coisa a ver.

Pode-se dizer que, em países europeus, o naturismo já se tornou algo bem comum e popularizado fazendo parte dos destinos turísticos a reserva de uma área específica para as pessoas tomarem banho de sol nuas. Já no Brasil, temos algumas praias oficialmente reconhecidas em que uma das mais famosas seria a de Tambaba na Paraíba, a 17 km da capital João Pessoa. E, no estado do Rio de Janeiro, poderíamos mencionar a Praia Brava (Cabo Frio), a do Olho de Boi (Búzios), do Abricó (Grumari/Rio de Janeiro) além de uma bem discreta na região de Trindade/Paraty.

Uma praia oficial de naturismo segue regras características do próprio movimento. Costumam ser protegidas por normas jurídicas e administradas com o apoio de uma entidade naturista através de convênio firmado com a Prefeitura. Assim, as próprias associações deles se encarregam da limpeza, manutenção e proteção do local. Inclusive inibindo o assédio de gente mal intencionada.

Considerando não só a extensão do bonito litoral mangaratibense, bem como a existência de várias ilhas nas baías de Sepetiba e de Angra, penso que seria estratégico apara o desenvolvimento do turismo regional termos uma área de naturismo legalizado, bem organizada, segura e atrativa, sendo certo que o baixo quantitativo populacional daqui pode favorecer em muito a privacidade dos usuários. Junto com o reconhecimento da praia e sua promoção viriam  também novos investimentos como hotéis, pousadas, restaurantes e empreendimentos imobiliários. Só no Rio Grande do Sul, existe um clube/condomínio chamado Colina do Sol que é praticamente uma mini cidade, sendo certo que a nossa grande vantagem é que o inverno daqui é muito mais ameno se comparado ao frio intenso dos gaúchos nesta época do ano.

Torço para que a minha ideia venha a ser bem compreendida pelo leitor e pela população mangaratibense de um modo geral. Como já pude compartilhar em vezes anteriores neste blogue, meu objetivo é o de apresentar propostas sérias para o desenvolvimento do nosso município e um dos focos maiores tem sido o turismo, o qual considero uma indústria sem chaminés. Penso que Mangaratiba tem um imenso potencial a ser explorado e que existem reais condições de fazermos a cidade crescer sustentavelmente gerando mais empregos e oportunidades de negócios.


OBS: A foto acima foi extraída do site da Associação Naturista da Praia do Abricó em http://www.anabrico.com/

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O portal da Câmara de Vereadores



Fiquei feliz em verificar esta semana que o site da Câmara Municipal de Mangaratiba já está funcionando desde 09/07/2013, embora com importantes serviços ainda não disponíveis como, por exemplo, a consulta à legislação local e o acompanhamento de licitações, ambos "em construção".

Em 16/05 deste ano, escrevi aqui no blogue o artigo Nossa Câmara Municipal poderia criar uma Comissão de Legislação Participativa, propondo que sugestões de projetos de lei possam ser recebidos da sociedade civil organizada, ONGs, sindicatos, associações e órgãos de classe tal como existe na Câmara Federal em Brasília e em outras cidades brasileiras. Então, com os protestos ocorridos no mês seguinte de Norte e Sul do país, a ampliação da democracia e a participação do cidadão tornaram-se questões urgentíssimas a serem contempladas dentro do permanente processo de reinvenção da política. As recentes manifestações expuseram a nossa crise de representação e o cidadão sente o desejo de ser protagonista participando mais diretamente da democracia. Daí a importância da internet tornar-se um instrumento de aproximação do debate e das decisões. Parlamentarizar a crise é sempre uma boa saída desde que as pessoas não continuem sendo meras expectadoras.

De que maneira pode a tecnologia atender com segurança essa demanda da sociedade brasileira e local? Será que os próprios portais das casas legislativas na internet não poderiam dispor de mecanismos para o cidadão apresentar seus abaixo-assinados eletrônicos permitindo as pessoas participarem ativamente do processo de criação das leis?

Além de contribuir para a proposição de normas jurídicas, sinto que o povo brasileiro quer ter mais poder. As pessoas também anseiam por acompanharem o processo legislativo de uma maneira mais acessível, democrática, interativa e simplificada. Uma das reivindicações apresentadas pelos manifestantes que foram às ruas em junho deste ano dizia respeito à derrubada da PEC 37, a qual pretendia proibir o Ministério Público de investigar. Sendo assim, sugiro que as proposições no Legislativo Municipal fiquem sempre disponíveis para o recebimento de comentários em uma consulta permanente até a votação final em Plenário. Se receber um grande número de aprovação, tipo umas mil e quinhentas manifestações de apoio, os trâmites ocorreriam dentro de uma celeridade maior com a inclusão e pauta por motivo de urgência para contemplar o manifesto interesse público. Da mesma maneira aconteceria em caso de expressiva rejeição popular, poupando o cidadão de deixar o conforto de sua casa para protestar.

O cidadão em dia com suas obrigações eleitorais ganharia o direito de registrar-se nos site da Câmara de Vereadores. De posse do título de eleitor, o interessado se dirigiria à secretaria do Legislativo Municipal para um cadastro presencial. Procederia-se a sua identificação junto com a conferência dos documentos de identidade e CPF cujas cópias seriam ali mesmo digitalizadas e arquivadas. No ato, ele faria seu login e uma senha secreta para acessar uma parte da área restrita do portal, destinada somente para os eleitores mangaratibenses, sem a necessidade da caríssima certificação digital. Dessa maneira haveria mais segurança para permitir que as manifestações sejam legítimas.

Com estas sugestões espero estar contribuindo para melhorar a democracia da nossa cidade. Quanto mais a população puder participar, mais forte e consolidado torna-se o regime político, promovendo maior equilíbrio entre todos os grupos e segmentos sociais.

domingo, 11 de agosto de 2013

O diálogo entre religiões em Mangaratiba



Algo que me parece indispensável para a elevação ética do nosso município seria o diálogo entre as religiões existentes em Mangaratiba. Durante sua visita ao Brasil, quando esteve no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o papa Francisco apontou a via do "diálogo construtivo" como um caminho a ser percorrido:

"(...) termino indicando o que tenho como fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos. Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas. Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos. Só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras livre de suposições gratuitas e no respeito pelos direitos de cada uma. Hoje, ou se aposta na cultura do encontro, ou todos perdem; percorrer a estrada justa torna o caminho fecundo e seguro (...)" - ler o discurso do papa na íntegra

Sem pretender chegar ao nível do ecumenismo, o que para muitos é uma utopia, digo que as religiões precisam pelo menos conversar entre si abertamente para o bem da coletividade. Podem compartilhar seus pareceres sobre as questões locais que a todos interessam em Mangaratiba: combate à pobreza, corrupção na política, meio ambiente, ações solidárias, habitação, violência, drogas, educação das crianças e adolescentes, respeito aos idosos, responsabilidade do cidadão, etc.

Um dos maiores problemas sociais aqui no Município, a meu ver, seria a dependência química. É lamentável ver tanto moradores como turistas nessa condição. Ora, será que as igrejas cristãs e outros grupos religiosos não teriam algo a contribuir neste sentido complementando as atividades do CAPS e prestando uma orientação espiritual mais qualificada? Por que não atuarem dentro de uma rede integrada por instituições públicas e privadas?

Suponho que, se fosse criado uma espécie de conselho das religiões em Mangaratiba, seria um excelente passo. Não me refiro especificamente a um órgão da Administração Municipal. Sugiro que tenhamos uma entidade independente, composta por diversos grupos religiosos, mas que também mantenha contatos com o Poder Público.

Ao mesmo tempo em que defendo o laicismo estatal, considero que as religiões podem contribuir muito para a organização da sociedade, o que deve ser feito respeitando a pluralidade de crenças, cultos e tradições culturais. Inclusive o direito das pessoas que não desejam ser religiosas. Sei que é algo difícil e bem espinhoso, tendo em vista que nem sempre existe tolerância até mesmo entre os representantes de um mesmo segmento. Entretanto, não custa tentar. Nossa bela Mangaratiba precisa de muita ética e espiritualidade.


OBS: Ilustração extraída da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Religious_syms.svg