quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Uma nova concepção para o Programa Bairro Novo



Conforme noticiou mês passado o site da Prefeitura Municipal de Mangaratiba, eis que, durante uma solenidade ocorrida dia 18/09, em Praia Grande, foram anunciadas obras de asfaltamento e de infraestrutura no distrito bem como nos bairros de Batatal e de Ingaíba, a qual é considerada ainda uma área rural:

"Os locais foram escolhidos para receber o Programa Bairro Novo, do Governo do Estado, que levará mais de 7,5 quilômetros de asfalto e infraestrutura em mais de 15 ruas. O anúncio oficial aconteceu na manhã desta quarta-feira, 18, em Praia Grande, na presença do prefeito Evandro Capixaba, do vice-prefeito Dr. Ruy, do vice-governador Luiz Fernando Pezão, do secretário de Obras do Estado do Rio de Janeiro, Hudson Braga, além de outras autoridades (...) O Bairro Novo atenderá 18 ruas de Mangaratiba, com cerca de 2,5 quilômetros de asfalto para Praia Grande e mais 5,5 quilômetros de asfalto para os bairros Ingaíba e Batatal (da Rio-Santos ao Posto de Saúde). O programa contempla obras de meio-fio, drenagem, calçadas, água e infraestrutura. O Bairro Novo vai atender 2.065 ruas de 123 bairros em 19 municípios da Região Metropolitana, num total de 721 quilômetros de vias pavimentadas e urbanizadas. O investimento total das obras é de R$ 1,23 bilhão." - destaquei

Sinceramente, não acho que o governo estadual deva começar a mexer em zona rural através do asfaltamento quando há coisas mais prioritárias para serem resolvidas. Aliás, temo que seja até socialmente catastrófico promover a pavimentação de vias sabendo que, após a conclusão das obras, as localidades contempladas vão se tornar futuras áreas de expansão imobiliária crescendo desordenadamente.

Vale ressaltar que asfalto na rua não significa necessariamente mais dignidade e qualidade de vida. Muito pelo contrário! Pois, depois do transtorno das obras, as comunidades passam a sofrer com outros impactos marcados pelo aumento da população residente, uma frequência maior de acidentes automobilísticos e a poluição ambiental, notadamente o despejo in natura do esgoto nos nossos rios e córregos.

Deve-se considerar ainda que Ingaíba é uma região de natureza, com trilhas e cachoeiras, de modo que o seu meio ambiente precisa ser preservado. Mesmo sem asfalto, o lugar pode muito bem ter um satisfatório atendimento nas áreas de educação, saúde e transportes. Através da valorização do verde, a economia local seria sustentavelmente desenvolvida por meio do ecoturismo e da agricultura orgânica, em que a produção de alimentos saudáveis passaria a ser estimulada pelas compras institucionais da própria Prefeitura.

Independentemente do lugar ser beneficiado com as obras de pavimentação, defendo que a infraestrutura chegue primeiro. Em se tratando de localidades ainda com pouco habitantes, dá perfeitamente para termos estações de tratamento com biodigestores, o que auxiliaria na geração de energia. Então, uma vez existindo saneamento básico, luz, telefone, escolas, postos de saúde, linhas de ônibus regulares e policiamento, a sociedade pode discutir com seus vereadores e prefeito sobre a conveniência de asfaltarem ou não a estrada de acesso ao povoado e as ruas que lá existem.


3 comentários:

  1. Concordo plenamente com o exposto, Praia Grande, por exemplo, foi contemplada com esse programa, entretanto essa obra vai descaracterizar totalmente o Distrito que tem suas ruas "pavimentadas" com bloquetes intertravados e lá será colocado pavimentação asfáltica.. segundo informações. Lá a pequena área que já dispõe de tratamento de esgoto, está com sua estação de tratamento comprometida e sem funcionamento, pergunto; O que é mais importante para a região? Com a resposta os entendidos....

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    1. Pois é, Severo. Se não houvesse nenhum calçamento no local, talvez fosse importante falar numa pavimentação de ruas. Mas não é o caso. Melhor mesmo é investir no saneamento básico, coisa que é cara para o município e que precisa começar pela captação do esgoto afim de que, numa etapa posterior, seja construída a ETE. Mais crítica do que Praia Grande é a situação da Praia do Saco cuja população é comporta por muitos residentes fixos e tem aumentado cada vez mais.

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    2. Em tempo! Acrescente-se que o asfalto gera um maior aquecimento térmico no bairro, além de impermeabilizar totalmente o solo. No fim das contas, causaria uma desvalorização imobiliária do distrito.

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