domingo, 9 de julho de 2017

Mangaratiba deveria se voltar mais para a aquicultura!




Na edição de 30/06, o Globo Repórter mostrou uma fazenda marinha na vizinha Ilha Grande, a qual é considerada um exemplo para o país e para o mundo. Segundo a matéria, num espaço de sete mil metros cúbicos, a unidade produz "11 toneladas de alimentos por ano". 

Seu proprietário, o empresário Kazuo Tonaki, brasileiro de origem japonesa, aprendeu a maricultura na terra dos antepassados. Porém, na visão do aquicultor, o Brasil estaria uns noventa anos atrasado em relação ao país de seus ancestrais e apontou para a necessidade de haver um aumento da produção na aquicultura durante as próximas décadas para suprir as demandas de alimento:

"A gente vem recebendo visitas com orientação técnica e eles até aportaram recursos para a gente fazer um projeto de escola de maricultura. Até 2050, segundo estudos, a gente vai ter que praticamente dobrar a produção de alimentos para atender a população mundial, porque está crescendo muito rápido. Eles têm tentado fomentar a produção de alimentos no mar. É uma proteína de boa qualidade".

Entretanto, quando olho para a nossa poluída Baía de Sepetiba, vejo Mangaratiba caminhando ainda na contramão daquilo que podemos considerar como o progresso da humanidade. Pois o despejo in natura de esgoto no oceano juntamente com os grandes empreendimentos impactantes em nossa região poderão comprometer seriamente as condições básicas para o cultivo de organismos aquáticos aqui. E olhem que temos no Município uma extensa costa que pode ser muito bem aproveitada com estudos voltados para a Aquicultura, sendo um vasto campo para pesquisas próximos à região metropolitana do Rio de Janeiro.

A meu ver, o Município deveria cuidar melhor do meio ambiente e apostar na Aquicultura como o seu principal ganho, estudando e desenvolvendo técnicas de cultivo e reprodução de organismos aquáticos tais como peixes, moluscos, algas, crustáceos e até tartarugas ou jacarés. Pois, a meu ver, o litoral sul fluminense pode garantir produtos para o consumo com maior controle e regularidade da região metropolitana do Rio de Janeiro e ainda vender para outras unidades federativas ou até exportarmos.

Obviamente que para chegarmos a esse nível, precisaremos investir em pessoal qualificado, formando futuros tecnólogos em Aquicultura, cujo campo de atuação vai desde a produção até a distribuição dos produtos, passando pelas etapas de abate, processamento e comercialização. E aí penso que não seria um sonho equivocado haver aqui uma faculdade de Aquicultura.

Assim, considerando que a nossa região carece de melhores práticas no beneficiamento de pescado, de mais incentivo e extensão técnica à maricultura, bem como à pesca, a criação de uma faculdade de Aquicultura será de enorme importância. Pois, embora já exista o apoio do Núcleo de Pesquisa e Aquicultura Sustentável da UFRRJ e da UERJ, eis que um curso de graduação no Município voltado para a atividade ajudaria em muito no desenvolvimento da região com reflexos sobre as atividades já desenvolvidas ou planejadas.

Vale lembrar que, no século XX, já tivemos na Marambaia uma escola de pesca, a qual foi criada final da década de 1930, cujo nome homenageava a então primeira dama Darcy Vargas, esposa de Getúlio. A instituição era mantida com os recursos da Fundação Cristo Redentor, pertencente a Levy Miranda (nome da atual escola municipal da ilha). Porém, devido à falta de recursos, no começo dos anos 70, houve o encerramento das suas atividades e o terreno foi reintegrado ao patrimônio da União, vindo a ser retransferido para a Marinha. 


Portanto, mais do que nunca, Mangaratiba precisa ser voltar para aquilo que realmente possa desenvolver a nossa região, gerando riquezas com sustentabilidade ambiental. Por isso, defendo mais investimentos nos estudos e atividades voltados para a Aquicultura e quem sabe até uma faculdade.


OBS: A primeira imagem refere-se a uma fazenda marinha situada em Buzios, litoral norte do Rio de Janeiro. Já a segunda foto, oriunda da edição de 1954 da revista "A Cigarra", extraí do Blog do Iba Mendes, conforme consta em http://www.ibamendes.com/2012/06/fotos-antigas-do-rio-de-janeiro-xxxvii.html

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