domingo, 21 de fevereiro de 2016

O uso de crotalária no combate ao mosquito da dengue




Neste final de semana, andei verificando que o nosso município possui uma interessante norma jurídica que versa sobre a utilização de métodos naturais de combate à dengue. Trata-se da Lei n.º 750, de 13 de outubro de 2011, a qual criou o projeto "Plante uma Crotalária" até hoje aguardando ser posto em prática pelas nossas autoridades locais.

Embora eu não seja biólogo ou um especialista no assunto, resolvi pesquisar no Google por minha conta sobre esse interessante vegetal já utilizado em outras cidades do país e como seria o seu uso no combate do mosquito transmissor da dengue, bem como de outras doenças. Descobri que a planta, além de auxiliar na recuperação do solo, atrai libélulas, que, por sua vez, combatem naturalmente o Aedes aegypti. Isto porque as libélulas colocam seus ovos em água limpa e, assim como o mosquito da dengue, destes ovos originam as larvas predadoras das larvas do Aedes. Além disso, o inseto, em sua fase adulta, também se alimenta do vetor da dengue.

Sem pretender excluir os trabalhos de localização e de eliminação dos focos do Aedes aegypti, penso que a nossa prefeitura deveria elaborar um projeto de controle biológico, através do plantio das crotalárias, executando suas ações o quanto antes. Nem que seja incentivando a população a fazer o cultivo dentro de quintais, jardins, vasos e terrenos baldios, conforme previsto expressamente no caput do artigo 2º da referida lei.

Além disso, pode-se promover o plantio de crotalárias nas escolas públicas, o que seria extremamente educativo, bem como "nas margens de rios, riachos, praças, canteiros e avenidas", segundo já consta no texto legal. Neste caso, a Prefeitura apenas estaria incluindo a especie entre as que já são utilizadas nos trabalhos regulares de ornamentação da cidade, aplicando-a no paisagismo dos nossos logradouros públicos. E para isso, temos um horto municipal!

De acordo com o Dr. Anthony Érico Guimarães, PhD, pesquisador titular do Laboratório de Díptera Entomologia do Instituto Oswaldo Cruz - IOC/Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ), e especialista em Aedes aegypti, esse mosquito transmissor de doenças possui "hábitos domésticos", picando as pessoas de preferência durante o dia, principalmente nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde. E aí, se pensarmos bem, o cultivo residencial de crotalárias poderá estar ajudando na proteção da nossa saúde muito embora não seja a planta quem mate o mosquito e sim as libélulas  (Ordem Odonata), também conhecidas popularmente como zigue-zague, lavadeira, lava-bunda, cavalo-de-judeu e jacinta. Ou seja, estaríamos diante de um possível controle indireto do mosquito, podendo se mostrar eficaz ou não. 

Logicamente que somente o cultivo das crotalárias, por si só, não resolverá o problema da dengue que, como se sabe, tem razões educacionais. Pois a todo momento os telejornais e as campanhas de conscientização mostram que os criadouros do Aedes estão localizados dentro e nas proximidades das casas. Desse modo, como o morador é o responsável principal, deve ele mesmo eliminar todos os recipientes capazes de armazenar água, como os pratinhos sob os vasos das plantas, pneus, garrafas, tampinhas de garrafas, latas e similares. Já aqueles recipientes que não podem ser eliminados, tais como caixas d’água, reservatórios, calhas, bandejas de aparelhos de ar condicionado e de geladeiras, fossos de elevadores, ralos entupidos, dentre outros, recomenda-se que sejam examinados e tratados semanalmente. Pois sendo o reservatório sempre bem lavado e escovado, com trocas semanais da água, as eventuais larvas do mosquito dificilmente atingirão a fase adulta.

Assim, fica a minha proposta para que a Prefeitura Municipal de Mangaratiba inclua o incentivo ao cultivo da crotalária no combate à dengue e de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, dando eficácia à nossa Lei Municipal n.º 750/2011. Pois, certamente, será algo muito mais proveitoso para a coletividade (nem que seja por embelezar a cidade) do que a ineficaz utilização de carros fumacê ou de qualquer outro aparato para pulverização de inseticida em áreas urbanas.


OBS: Ilustração acima extraída de uma notícia da Prefeitura Municipal de Pompeia (SP), a qual, exemplarmente, tem distribuído sementes de crotalárias, conforme consta em http://pompeia.sp.gov.br/noticia/2170/prefeitura-distribui-leguminosa-que-combate-a-dengue.html

2 comentários:

  1. Sou biólogo, professor, com mestrado e doutorado em Ecologia, especialização e pós-doutorado em controle biológico de insetos (na Cornell University, EUA) e digo, que essa proposta é absolutamente maluca. Sem qualquer chance de servir para controle de Aedes.

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    1. Boa tarde amigo.

      Já que colocou isso explique os motivos de seu posicionamento. Lembre, porém, que muitas prefeituras do país têm utilizado crotalarias para atrair predadores do mosquito transmissor da dengue.

      Peço que, por gentileza, identifiquet-se ao emitir opiniões.

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