Olá, amigos!
Conforme expus num vídeo gravado hoje à tarde, o qual divulguei no YouTube e no Facebook, sou favorável que, aqui no nosso Município, passemos a ter visitas guiadas à belíssima Ilha da Marambaia, através de passeios culturais e ecológicos promovidos pelo próprio Poder Público.
Propus que tais eventos sejam realizados através de um convênio da Prefeitura e/ou da Fundação Mário Peixoto (FMP) com a Marinha, já que se trata de uma área militar de acesso restrito, embora haja ali um considerável interesse histórico e cultural.
Pouca gente sabe, mas a Marambaia foi um dos primeiros assentamentos dos índios tupiniquins trazidos da Bahia para Mangaratiba, o que se deu por volta de 1620, sob a tutela dos padres jesuítas. Trata-se, pois, de uma longa história e que também tem a ver com o nosso triste passado de escravidão já que a ilha era também o local de "engorda" de escravos, de propriedade da poderosa família Breves.
Ora, conta-se que, pouco antes de morrer, em 1889, o riquíssimo Comendador Breves doou, verbalmente, toda ilha para os ex-escravos que ainda permaneciam nela. Porém, tal decisão não foi respeitada e, com a abertura do processo de inventário, as terras acabaram sendo transmitidas para sua viúva, Dona Maria Isabel de Morais Breves. No ano seguinte, a ilha foi vendida à Companhia Promotora de Indústrias e Melhoramentos e, posteriormente, em 1896, por motivo de liquidação forçada da referida Cia, a propriedade restou transferida para o Banco da República do Brasil. Com a aquisição da Marambaia pela União Federal, a região foi colocada à disposição da Marinha que instalou ali a Escola de Aprendizes-Marinheiros, em 1908. E, na década de 1940, durante a era Vargas, a comunidade da ilha veio a ser beneficiada com um instituto de pesca. Segundo informações que obtive numa pesquisa feita em 2014, num site da da Marinha na internet,
"(..) através do Decreto-Lei nº 5.760, uma parte da ilha da Marambaia foi cedida à Fundação Abrigo do Cristo Redentor, para a instalação da Escola de Pesca Darcy Vargas. Nessa época, ocorreu um fluxo migratório de trabalhadores e familiares oriundos do continente em busca de emprego e oportunidades, ocupando determinados pontos da ilha. Esta porção, de 8,5 km², fio incorporada ao patrimônio da citada fundação entre 1944 à 1971, quando, por força do Decreto 68.224, de 12 de fevereiro de 1971, foi reintegrada ao patrimônio da União, por meio de um novo Termo de Entrega para a Marinha do Brasil, bem como todo o acervo móvel, imóvel e contratos de trabalho da escola de pesca. Durante o período em que a Escola de Pesca permaneceu na Ilha, a Marinha contava com o Campo de Aviação da Armada, que ocupava o restante da Ilha. No mesmo ano, 1971, ocorreu a ativação do Campo da Ilha da Marambaia, no local onde ficava a extinta escola de pesca. Em 1981, foi criado o Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (CADIM), lá situado até os dias de hoje."
Assim, por ser a Marambaia uma área militar, é necessário obter autorização prévia para alguém poder ingressar lá livremente sendo que, para tanto, o interessado precisa de uma justificativa plausível. Ou seja, não basta a pessoa dizer que pretende ir até à ilha a fim de fazer um passeio com a família ou com amigos, de modo que para se conhecer a exuberante natureza da Marambaia, suas praias, florestas, cachoeiras, restinga de mangues, além de um pico com 647 metros de altitude (possível de ser alcançado por meio de uma trilha sem a necessidade de escalada), o simples desejo de fazer turismo, por si só, não seria aceitável.
Todavia, acredito que uma abertura restrita a um turismo planejado de pequena escala, feito através de uma fundação de cultura do nosso Município, poderá se tornar algo muito proveitoso para todos. Pois, conforme estou propondo, a visitação seria feita com sustentabilidade, mediante uma inscrição prévia junto à FMP, dentro de um número limitado de participantes por passeio, sendo todos sempre acompanhados de um guia, seguindo um roteiro pré-definido.
Em outras palavras, ninguém iria para a Marambaia a fim de ficar tomando cerveja em quiosque, mas, sim, para se instruir quanto à história, à cultura e à natureza do local. Logo, não haveria impactos sociais e nem ecológicos a serem considerados. Menos ainda a visita perturbaria as atividades de treino militar da Marinha pois os passeios seriam sempre restritos às áreas onde vivem os quilombolas e às praias acessíveis ao público, incluindo, no máximo, expedições ao Pico da Marambaia para grupos mais ousados de aventureiros.
Desse modo, não somente pessoas de outras cidades poderiam ir à Marambaia como também o próprio morador do nosso Município, a exemplo de grupos da terceira idade, estudantes, pesquisadores e ambientalistas. Ou seja, seria uma oportunidade para conhecermos esse pedacinho do Paraíso que existe dentro de Mangaratiba.
Portanto, deixo aqui a minha sugestão ao Poder Público Municipal, a qual também compartilho com toda a sociedade na expectativa de que o assunto seja democraticamente debatido e, quem sabe, inspirar algum projeto de turismo sustentável. Segue o vídeo já postado nas redes sociais.
Ótima semana a todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário